domingo, 12 de fevereiro de 2012

Eu Recomendo: Bem vindo de Volta, Frank

Eu não sei se vocês, assim como eu, acham que no mundo dos quadrinhos existe um desequilíbrio entre a popularidade dos heróis e os anti-heróis. Esse post não é exatamente sobre essa velha discussão (fica para um próximo), mas eu acho extremamente necessário pensar nisso quando vou escrever qualquer coisa sobre Frank Castle, o Justiceiro.

O cara participou do Vietnã, teve a família morta e colocou na cabeça aquela máxima "bandido bom é bandido morto". E isso é 50% da história da maioria dos anti-heróis. Claramente, o Justiceiro é um cara perturbado, mas ao invés de ser um louco de carteirinha, ele ainda se apega aos seus valores. Nunca inocentes, nem aqueles que protegem os inocentes. Frank se agarra aos seus últimos resquícios de sanidade e não se deixa corromper jamais. E talvez por isso todo mundo goste dele (ou isso ou ele sair metendo tiro em todo mundo...).


Mas o por que desse fala-fala sem sentido? Simples, nobre padawan: na saga "Welcome Back, Frank" é justamente isso que vemos. O Justiceiro simples e cru. Não sei vocês, mas nunca fui um ávido consumidor de histórias do Justiceiro. Me contentava apenas com suas participações nas histórias do Homem-Aranha, Demolidor e algumas participações especiais com outros heróis.

Nessa saga, lançada no Brasil lá pelos longínquos anos de 2000/2001, vemos apenas Frank vs Bandidos. Ele escolhe um alvo para começar e vai até o final. O vilão (no caso,vilã) da história é a Mama Gnucci, uma mafiosa italiana, que tem meia New York no bolso. A saga começa com um flashback de segundos atrás, um bandidinho de meia tigela contando como o Justiceiro matou todo mundo, deixou ele vivo e mandou o cara largar essa vida (além de um "e vê se corta o cabelo"). Lógico que o maluco só pensava na quantidade de drogas e dinheiro que ele tinha a sua disposição. Pena para ele que, assim como o leitor, o Justiceiro sabia que ele não ia deixar as drogas ali e iria mudar de vida. Pior para ele. Frank Castle voltou.

Nas edições seguintes o que vemos é a guerra de um homem só contra a máfia. Tiroteios em necrotérios, zoológicos, no meio da rua, dentro do prédio... é ação "massa veio" para ninguém botar defeito. O filme The Punisher (2004) é descaradamente baseado nesse arco do Justiceiro, só que ao invés da Mama Gnucci, colocaram o John Travolta, misturando a origem do Justiceiro com o personagem do Travolta. E, aqui entre nós, ficou uma bela bosta a história do filme.

E abrindo um parênteses curto, eu me pergunto como eles conseguiram cagar tanto uma história fechada e muito boa. O Justiceiro do filme é apenas um policial abalado (que enche a cara de pinga nas horas vagas) que busca vingança. Nos quadrinhos, Frank está atrás de justiça. É... nunca entenderei as mentes dos produtores de Hollywood. Não é difícil fazer um filme do Justiceiro! Pelo menos metade dos filmes do anos 80, se você trocar o nome dos heróis por Frank Castle, já daria um filme foda do Justiceiro.

Eu poderia contar muitas coisas sobre essa HQ (na verdade, cheguei a escrever um resumão da história, mas deletei tudo conscientemente), mas aí perderia o sentido de recomenda-la. Se você gosta do Justiceiro, com certeza conhece essa HQ. Se você ainda não leu, eu recomendo ela. Depois da traumatizante saga "Fim dos Dias" (que é motivo de piada logo na primeira hq dessa saga), "Welcome Back, Frank" é uma desculpa com classe da Marvel para os fãs de Frank Castle.

O roteiro e arte ficam por conta de Garth Ennis e Steve Dillon respectivamente, dois artistas monstruosos. A arte final fica por conta de Jimmy Palmiotti. Tim Bradstreet assina todas as capas, e só por isso você já deveria ter essas revistas na sua coleção.

Um comentário:

  1. Como você disse não era ávido consumidor de material do Justiceiro. Vi a participação dele na guerra civil, participação em desenhos animados e assisti os dois filmes, esse recente que é uma bela bosta e também o antigão com Dolph Lundgreen que ele luta contra máfia japonesa.

    É um anti-herói que tem tudo para dar certo mesmo com todos os clichês, mas nada que mãos erradas não possam estragar.

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